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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Entre o luar e o arvoredo,

Entre o luar e o arvoredo,

Entre o desejo e não pensar

Meu ser secreto vai a medo

Entre o arvoredo e o luar.

Tudo é longínquo, tudo é enredo,

Tudo é não ter nem encontrar.

Entre o que a brisa traz e a hora,

Entre o que foi e o que a alma faz,

Meu ser oculto já não chora

Entre a hora e o que a brisa traz.

Tudo não foi, tudo se ignora.

Tudo em silêncio se desfaz.

24-8-1930

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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