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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Súbdito inútil de astros dominantes,

Súbdito inútil de astros dominantes,

Passageiros como eu, vivo uma vida

Que não quero nem amo,

Minha porque sou ela,

No ergástulo de ser quem sou, contudo,

De em mim pensar me livro, olhando no alto

Os astros que dominam

Submissos de os ver brilhar.

Vastidão vã que finge de infinito

(Como se o infinito se pudesse ver!) —

Dá-me ela a liberdade?

Como, se ela a não tem?

19-11-1933

Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).

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