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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Eu sou como um que entre o mar que lhe avança

Eu sou como um que entre o mar que lhe avança

Se vê e entre um rochedo alto e (...)

Mas com maior horror — ah, quão maior!

Perante a morte — aquilo que eu temo

Com horror que transcende todo o horror

Que os homens hão sentido — lhe aproxima...

Coroai-me de espinhos — sou aquele

Que mais no mundo tem sofrido.

P'ra resignar-se à morte é necessário

Não lhe compreender todo o horror,

Não lho medir. Perdi

A última ilusão que até agora

Ninguém perdera, nem o mais audaz

Cogitador metafísico — essa que faz

Com que o pavor não desça às nossas veias

Tornando-se um com a nossa vida.

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

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