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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Tenho em mim como uma bruma

Tenho em mim como uma bruma

Que nada é nem contém

A saudade de coisa nenhuma,

O desejo de qualquer bem.

Sou envolvido por ela

Como por um nevoeiro

E vejo luzir a última estrela

Por cima da ponta do meu cinzeiro.

Fumei a vida. Que incerto

Tudo quanto vi ou li!

E todo o mundo é um grande livro aberto

Que em ignorada língua me sorri.

16-7-1934

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

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