Fernando Pessoa
Não creio ainda no que sinto -
Não creio ainda no que sinto -
Teus beijos, meu amor, que são
A aurora ao fundo do recinto
Do meu sentido coração...
Não creio ainda nessa boca
Que, por tua alma em beijos dada,
Na minha boca estaca e toca
E ali (...) fica parada.
Não creio ainda. Poderia
Acaso a mim acontecer
Tu, e teus beijos, e a alegria?
Tudo isto é, e não pode ser.
……
2-2-1920
Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.
- 34.