Fernando Pessoa
O Fausto Negro (Prólogo no Inferno)
O Fausto Negro
(Prólogo no Inferno)
TECEDEIRAS A TECER:
Teçamos, teçamos
O pano da vida.
Teçamos, teçamos
Com louca lida.
De negro, de negro
Com pontos dourados,
De negro, de negro
Com breves bordados.
Teçamos a rede
Da vida em tear
Que a morte tem sede
Da rede rasgar.
Teçamos, teçamos
Pr'a cedo acabar.
UMA VOZ:
Toda de negro, toda escura
Rede da vida tece aqui
(...)
s.d.
Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.
- 159.