Fernando Pessoa
A minha camisa rota
A minha camisa rota
(Pois não tenho quem me a cosa)
É parte minha na rota
Que vai para qualquer cousa,
Pois o estar rota denota
Que a minha [...]
Mas sei que a camisa é nada,
Que um rasgão não é mal,
E que a camisa rasgada
Não me traz a alma enganada,
Em busca do Santo Graal.
31-10-1933
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).
- 127.