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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Durmo, cheio de nada, e amanhã

Durmo, cheio de nada, e amanhã

É, em meu coração,

Qualquer coisa sem ser, pública e vã

Dada a um público vão.

O sono! este mistério entre dois dias

Que traz ao que não dorme

À terra de aqui visões nuas, vazias,

Num outro mundo enorme.

O sono! que cansaço me vem dar

O que não mais me traz

Que uma onda lenta, sempre a ressacar,

Sobre o que a vida faz?!

11-12-1933

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

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