É este o dever português.
É este o dever português. Tudo mais - políticas, economias, a mesma independência da nação - nada vale senão porque conduza, e na proporção em que conduza, a este fim.
O prazer é para os cães, o bem-estar material é para os escravos, o homem tem a honra e o domínio.
O bem-estar do povo, a justiça social - todas estas coisas são legitimamente desejos dos nossos instintos humanitários, se somos sãos de espírito; porém os instintos humanitários, não [são] as mais altas qualidades sociais.
Essa elefantíase da civilização que é a Alemanha, como o é a quase toda a América.
Quando uma nação atravessa uma crise profunda, e tem uma larga percentagem de analfabetos, há uma esperança: que na educação desses analfabetos esteja, como quase sempre estará, em grande parte a solução da crise. Mas quando uma nação atravessa uma crise profunda, e é uma nação culta, toda a esperança de salvação é diminuta, porque não há material novo em ela a que recorrer. Uma nação culta livra-se com relativa facilidade das crises menores, de que uma nação que o não é com dificuldade se tira, por ter uma menor capacidade de reacção; é das grandes crises que a nação culta dificilmente se tira.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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