Fernando Pessoa
Náusea. Vontade de nada.
Náusea. Vontade de nada.
Existir por não morrer.
Como as casas têm fachada,
Tenho este modo de ser.
Náusea. Vontade de nada.
Sento-me à beira da estrada.
Cansado já do caminho
Passo pra o lugar vizinho.
Mais náusea. Nada me pesa
Senão a vontade presa
Do que deixei de pensar
Como quem fica a olhar...
s.d.
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).
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