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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Sopra o vento, sopra o vento,

Sopra o vento, sopra o vento,

Sopra alto o vento lá fora;

Mas também meu pensamento

Tem um vento que o devora.

Há uma íntima intenção

Que tumultua em meu ser

E faz do meu coração

O que um vento quer varrer;

Não sei se há ramos deitados

Abaixo no temporal,

Se pés do chão levantados

Num sopro onde tudo é igual.

Dos ramos que ali caíram

Sei só que há mágoas e dores

Destinadas a não ser

Mais que um desfolhar de flores.

28-12-1933

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

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