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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

... Mas eu não ouso. Ó horror e tortura

... Mas eu não ouso. Ó horror e tortura!

O transcendente horror de um ser humano!

Beijar na boca uma consciência, um ser humano!

Beijar na boca uma consciência, um ser,

O mistério encarnado em nu e sólido.

A nudez(...)

Há entre alma e alma um abismo. Saber

Que me está vendo uma alma em  (...), nudez

E acto de amor!

Não a nudez da estátua,

Mas a nudez viva, cheia de olhar-me

Até que me apavoro de pensá-lo.

Nem tenho gestos para saber amar,

Nem alma para tirar ao mero-oco

Pensar aqueles gestos, o horror

Que vem de eles saberem a mistério.

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

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