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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Aos homens tu produzes palidezes

Aos homens tu produzes palidezes

Da sensação não tristes sempre, a alguns

Um mais acentuado sentimento

De tristeza; mas em mim, ah tarde! trazes,

Em mim m'acordas e m'intensificas

Meu desolado e vago natural.

Qu'importa? Tudo é o mesmo. A mim, quer seja

Manhã inda d'orvalho arrepiada,

Dia, ligeiro em sol, pesado em nuvens

Ou tarde (...)

Ou noite misteriosa e (...)

Tudo, se nele penso, só me amarga

E me angustia.

Tenho no sangue o enigma do universo

E o seu pavor que outros não conhecem

E alguns talvez, mas não profundamente.

Só a mim me foi dado sentir sempre.

E se às vezes pareço indiferente

E em mim mesmo calmo, é apenas

O excesso da dor e do horror

Cuja constante (...) me dói.

s.d

Fausto - Tragédia Subjectiva . Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

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1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos . Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.90).