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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Quero ser livre insincero

Quero ser livre insincero

Sem crença, dever ou posto.

Prisões, nem de amor as quero.

Não me amem, porque não gosto.

Quando canto o que não minto

E choro o que sucedeu,

É que esqueci o que sinto

E julgo que não sou eu.

De mim mesmo viandante

Olho as músicas na aragem,

E a minha mesma alma errante

É uma canção de viagem.

26-8-1930

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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