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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Em cada Consciência o Grande Horror

Em cada Consciência o Grande Horror

Mostra através da máscara os seus olbos.

E o carnal,

Em toda a sua extensão

De nudez da carne e da alma, mirra

Minha alma do pavor de colocar

A mão, na escuridão, sobre a fronte

Do Mistério.

A cópula dos entes, o contacto

Carnal das almas, pávido encontrar-se

Do horror de uma alma com o de outra alma,

Do mistério de um ser com o de outro ser,

Quintessenciar-se local, tangível

Do Mistério, (...)

                                    Escrever

Em palavras de carne, sentindo

O horror e o mistério do Universo.

        Com que gesto de alma

Dou o passo de mim até à posse

Do corpo de outro, horrorosamente

Vivo, consciente, atento a mim, tão ele

Como eu sou eu.

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

 - 93.

1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.121).