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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Perdido / No labirinto de mim mesmo, já

                                    Perdido

No labirinto de mim mesmo, já

Não sei qual o caminho que me leva

Dele à realidade humana e clara

Cheia de luz, onde sentir-me irmãos.

Por isso não concebo alegremente,

Mas com profunda pesadez em mim,

Esta alegria, esta felicidade,

Que odeio e que me fere.

                                         Ouvir um riso

Amarga-me a alma — mas por quê não sei.

Sinto como um insulto esta alegria...

Toda a alegria. Quase que sinto

Que rir é rir... não de mim mas, talvez

Do meu ser.

Um insulto ao mistério estar a rir

E tendo o horror, do poder durar eterno

Do incompreendido! Estranho!

Felicidade, (...) composto

De sensualidade e infantilismo...

Como te posso eu ter, felicidade?

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva . Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

 - 15.

1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos . Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.116).