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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

OS FASTASMAS DO ENCOBERTO

OS FASTASMAS DO ENCOBERTO

Sabendo nós já que o triplo reaparecimento do Encoberto se dá em 1640, em 1888 e em 2198, será por certo curioso investigar que relação numérica definível existe entre os aparecimentos do Encoberto e os de seus fantasmas. Apareceu D. João IV em 1640, Pombal em 1750 (que foi quando, com a ascensão de D. José, foi chamado ao poder), e Sidónio em 1917 (que foi quando verdadeiramente apareceu, como o verdadeiro Sidónio). Temos, pois, que há coincidência no tempo, ou sincronismo, entre os primeiros aparecimentos do vero e do falso Encoberto. Entre os segundos aparecimentos (1750 e 1888) há uma diferença de 138 anos. De aqui é pois de concluir, como é de uso nestes cálculos de aritmética mística, que entre os terceiros aparecimentos, o falso e o vero, do Encoberto deve haver duas vezes 138 anos, porque, sendo 138 anos a diferença entre os segundos aparecimentos, e nula a diferença entre os primeiros (que coincidiram no tempo), segue que a diferença entre os terceiros será duas vezes a diferença entre os segundos... Duas vezes 138 faz 276, o que, somado a 1917, perfaz 2193. Faltam, pois, 5 anos para a data que seria de esperar, 2198. Para que a contagem na base estabelecida, 276, desse a data verdadeira, seria preciso que a data de partida fosse 1922. Ora 1922 foi o ano da viagem aérea ao Brasil — ano este que, como já vimos, o mesmo Bandarra sinalou no último corpo das suas Trovas... Temos pois que [...]

s.d.

Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.

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