Dada a situação de Portugal, era impossível que o partido republicano...
Considerações pós-revolucionárias
Dada a situação de Portugal, era impossível que o partido republicano fosse um partido educado, de todo consciente e inteiramente são. O estado de pavoroso abatimento moral da pátria é que gerou o republicanismo e a revolução; ora este estado de abatimento impedia que qualquer forma de actividade do país fosse sã e (...) de todo. O partido republicano era uma actividade dentro do país: não podia por isso ser moralmente equilibrado e justo. Na sua razão de ser vem envolvida a sua razão de ser desculpável [?].
O partido republicano, não podendo pois representar uma regeneração, porque era impossível (...) no estado do país, representava, porém — o que é diferente — uma tendência para a regeneração.
Foi em não ver isto que errou o Sr. A[fonso] C[osta] — aprecia-o como uma multidão e não como um partido, corno um estado e não como uma tendência.
O que admira é que seja tão tolerante [?] em relação ao que podia ser, dadas as condições do país.
Os homens vis e reles do partido representam com efeito o estado actual desse partido. Mas o partido transcende-os a eles, Eles mostram que o partido, como está, não está ainda bem, porque os estroinas [?] não tinham aqueles [...] dirigentes. Mas o facto de haver partido de (...) [...]
Da República (1910 - 1935) . Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão). Lisboa: Ática, 1979.
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