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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Desperto sempre antes que raie o dia

Desperto sempre antes que raie o dia

E escrevo com o sono que perdi.

Depois, neste torpor em que a alma é fria

Aguardo a aurora, que já tantas vi.

Fito-a sem atenção, cinzento verde

Que se azula de galos a cantar.

Que mau é não dormir? A gente perde

O que a morte nos dá pra começar.

Oh Primavera quietada, aurora,

Ensina ao meu torpor, em que a alma é fria,

O que é que na alma lívida e colora

Com o que vai acontecer no dia.

14-11-1931

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

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