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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Minha mulher, a solidão,

Minha mulher, a solidão,

Consegue que eu não seja triste.

Ah, que bom é ao coração

Ter este bem que não existe!

Recolho a não ouvir ninguém,

Não sofro o insulto de um carinho

E falo alto sem que haja alguém:

Nascem-me os versos do caminho.

Senhor, se há bem que o céu conceda

Submisso à opressão do Fado,

Dá-me eu ser só — veste de seda —,

E fala só — leque animado.

27-8-1930

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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