Pontos relativos ao Quinto Império ser cristão
Pontos relativos ao Q[uinto] Império ser cristão:
Celui qui aura la charge de destruire.
Plus aux rochers qu'aux vivants.
Rochers são os católicos pois são “pedras”, de Pedro.
Vivants são os que mantêm a “vida”, isto é, a perpétua transformação do cristianismo — os protestantes, se se quiser.
Par terre et ciel aux oriens tempeste.
Domínio não só material mas espiritual; no Infante, pela guerra e as missões; no Príncipe [...].
O Império será cristão, será universal, será sincrético.
Um império que tem que fundir em si o terceiro, que é o cristão, não pode incluí-lo excluindo Cristo, pois isso seria não incluí-lo, senão excluí-lo.
É aceitável o critério que coloca o Reino do Anticristo para depois do Quinto Império. Esse Anticristo significa a dissolução da nossa civilização, que fatalmente se há-de dissolver, como todas, e tudo neste mundo. Depois, diz-se, virá o Fim do Mundo com a vitória de Cristo. Mas este “fim do mundo”, já sabemos que significa a morte da religião cristã. Quanto à vitória de Cristo, o Juízo Final, e frases semelhantes — são expressões tiradas já do mundo. Morta a civilização cristã na terra, só noutro mundo se poderá continuar — o que nem afirmaremos, nem negaremos, pois de tal não sabemos, nem podemos presumir, nada.
Curioso caso interpretativo (RL): considerar o Império do Espírito Santo como o da Morte, e seguido ao do Anticristo, que por sua vez segue ao do Verbo. Isto acomoda-se ao que vai dito, sobretudo se se reparar na palavra “morte”.
A inteligência analógica, cujo grau ínfimo é a citação e a alusão, com que se tanto ilustra o discurso, e cujo grau maior é (a interpretação das) profecias e dos símbolos. A interpretação das profecias é uma fusão da inteligência analógica com a racional (fenómeno sincrético!).
“ Religion du nom des mers vaincra” — Três vezes vencerá — depois da Renascença, depois do período moderno, depois do período da terceira “tribulação”.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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