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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

A flor que és, não a que dás, eu quero. [2]

                Ad juvenem rosam offerentem

A flor que és, não a que dás, eu quero.

Porque me negas o que te não peço?

Tão curto tempo é a mais longa vida,

        E a juventude nela!

Flor vives, vã; porque te flor não cumpres?

Se te sorver esquivo o infausto abismo,

Perene velarás, absurda sombra,

        O que não dou buscando.

Na oculta margem onde os lírios frios

Da infera leiva crescem, e a corrente

Monótona, não sabe onde é o dia,

        Sussurro gemebundo.

21-10-1923

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

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1ª publ. in Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor). Lisboa: Ática, 1946