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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Não tenhas nada nas mãos [2]

Não tenhas nada nas mãos

Salvo uma memória na alma

Que quando te puserem

Nas mãos o óbolo último

Nada terás deixado.

Tu serás só tu próprio

Não poderão roubar-te

O que nunca tiveste.

Que trono te querem dar

Que Atropos to não tire?...

Que Coroa que não fane

No arbítrio de Minos?

Que horas que não te tornem

Da estatura da sombra

Que serás quando fores

O fim da tua estrada?

Colhe as flores. Abdica

E sê Rei de ti próprio.

s.d.

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

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