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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Ó ervas frescas que cobris

Ó ervas frescas que cobris

        As sepulturas,

Vosso verde tem cores vis

A meus olhos, já servis

        De conjecturas.

Sabemos bem de quem viveis

         Ervas do chão,

Que sossego é esse que fazeis

        Verde na forma que trazeis

Sem compaixão.

Ó verdes ervas, como o azul medo

        Do céu sem Ser,

Cunhado como entre segredo

Da vida viva, e outro degredo

        Do infindo haver.

Tenho um terror com todo eu

        Do verde chão...

Ó Sol, não baixes já no céu,

Quero um momento ainda meu

        Como um perdão.

14-6-1930

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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