Antitradicionalismo: Todo o progresso dum povo…
Atlantismo
Antitradicionalismo:
Todo o progresso dum povo é feito pela imposição à plebe de instituições criadas contra a tradição dessa plebe. Assim, na Alemanha, a base antiga, a tradição era democrática; a actual civilização é aristocrática. Em Portugal, a tradição é democrática, de governo popular; por isso a construção deve ser aristocrática, para que haja civilização.
Reduzir o proletariado tanto quanto possível à situação dos escravos. Fazer isto de modo disfarçado, cauto, íntimo. A plebe deve ser o instrumento dos imperialistas, casta dominadora, mas escrava deles ligada a eles por uma comunidade de misticismo nacional, de modo que voluntariamente seja escrava, desde nascença esteja involuntariamente conforme com a condição que se lhe impõe. Esta casta dominante não deve escravizar a plebe só pelo prazer de o fazer, porque o imperialismo não tem que existir dentro da nação; apenas é útil o domínio de casta porque é uma educação do Mando, tomando-o possível para o exterior.
Criar instituições nacionais — uma fórmula de estado nacional. Que outros estados a adoptassem, não faria mal; teria tido origem vã, era o começo da acção imperialista superior.
O cio de criar, a sagrada luxúria de Construir...
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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