O céu de todos os Invernos
O céu de todos os Invernos
Cobre em meu ser todo o Verão...
Vai p'r'ás profundas dos infernos
E deixa em paz meu coração!
Por ti meu pensamento é triste,
Meu sentimento anda estrangeiro;
A tua ideia em mim insiste
Como uma falta de dinheiro.
Não posso dominar meu sonho.
Não te posso obrigar a amar.
Que hei-de fazer? Fico tristonho.
Mas a tristeza há-de acabar.
Bem sei, bem sei... A dor de corno...
Mas não fui eu que lh'o chamei.
Amar-te causa-me transtorno,
Lá que transtorno é que não sei...
Ridículo? É claro. E todos?
Mas a consciência de o ser, fi-la bas-
tante clara deitando-a a rodos
Em cinco quadras de oito sílabas.
Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).
- 116.


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