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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Passava eu na estrada pensando impreciso,

Passava eu na estrada pensando impreciso,

        Triste à minha moda.

Cruzou um garoto, olhou-me, e um sorriso

        Agradou-lhe a cara toda.

Bem sei, bem sei, sorrirá assim

        A um outro qualquer.

Mas então sorriu assim para mim...

        Que mais posso eu querer?

Não sou nesta vida nem eu nem ninguém,

        Vou sem ser nem prazo...

Que ao menos na estrada me sorria alguém

        Ainda que por acaso.

22-4-1928

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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