Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

O sonho que se opôs a que eu vivesse

O sonho que se opôs a que eu vivesse

A esperança que não quis que eu acordasse,

O amor fictício que nunca era esse,

A glória eterna que velava a face.

Por onde eu, louco sem loucura, passe

Esse conjunto absurdo a teia tece...

E, por mais que o Destino me ajudasse,

Quero crer que o Deus dele me esquecesse.

Por isso sou o deportado, e a ilha

Com que, de natural e vegetável

A imaginação se maravilha...

Nem frutos tem nem água que é potável...

Do barco naufragado vê-se a quilha...

......

26-4-1928

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

 - 91.