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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Ah quanta melancolia!

Ah quanta melancolia!

Quanta, quanta solidão!

Aquela alma, que vazia,

Que sinto inútil e fria

Dentro do meu coração!

Que angústia desesperada!

Que mágoa que sabe a fim!

Se a nau foi abandonada,

E o cego caiu na estrada —

Deixai-os, que é tudo assim.

Sem sossego, sem sossego,

Nenhum momento de meu

Onde for que a alma emprego —

Na estrada morreu o cego

A nau desapareceu.

3-9-1924

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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