Fernando Pessoa
Vento que passas
Vento que passas
Nos pinheirais,
Quantas desgraças
Lembram teus ais.
Quanta tristeza,
Sem o perdão
De chorar, pesa
No coração.
E ó vento vago
Das solidões
Traz um afago
Aos corações.
À dor que ignoras
Presta os teus ais,
Vento que choras
Nos pinheirais.
21-8-1921
Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).
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