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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

IDEALISMO [Objectivo, Subjectivo, Transcendental]

IDEALISMO:

                Objectivo ex.: Leibnitz.

                Subjectivo: Berkeley.

                Transcendental.

O que é característico no Id[ealismo] não é tanto o querer‑se procurar fora da matéria uma causa da causa do universo. Para o idealista o que importa é procurar uma explicação do universo que seja também uma expl[icação] do valor moral da [vida] humana.

Para o I[dealismo] O[bjectivo] o que é de real no univ[erso] é qualquer coisa idêntica a uma coisa do espírito, e.g. Mónada. Leibnitz.

Para o I[dealismo] S[ubjectivo] tipo sistema de Berkeley. Para Berkeley o mundo é o conjunto das nossas sensações.

I[dealismo] Transcendental. Para Kant a realidade é o que conhecemos, é matéria dada pela sensação. Forma imprimida pelo espírito

O conceito é por um lado uma conclusão que o entendimento tira, unidade extraída pelo entendimento da multiplicidade das sensações.

A ideia de Espaço, de Tempo para Kant uma forma a priori.

Há na razão alguma coisa superior ao entendimento. I[dealismo] T[ranscendental] é uma transição entre o Idealismo Objectivo e o I[dealismo] Su[bjectivo].

Realismo: Dualista: Descartes, Aristóteles.

                 Monista: Spinoza.

                 [...]

A matéria só vale tanto quanto é explicada pelo espiritual.

Materialismo: tudo matéria ou forma da matéria.

Quando Descartes achou substância corpórea extensa e espiritual.

Nada existe senão um ser que tem duas formas como extensa e pensante.

Problema moral: 2 meios de resolver este problema. Moral é heterónoma ou autónoma.

Moral:

                Heterónoma:

                        Religiosa

                        Política

                Autónoma:

                        Imanente:

                                Subjectiva

                                Objectiva:

                                        Individualista

                                        Colectivista

                        Transcendente:

                                Intelectualista — Sócrates, Platão

                                Voluntarista — Kant, Shopenhauer

Se procurarmos [?] regrar nossa acção em autoridade externa — seja vontade social — Deus — heterónoma.

Procura‑se às vezes um princípio inerente à natureza humana imanente ou idêntico a qualquer outra faculdade para comunicação com alguma coisa transcendente. [...]

O homem não pode conhecer o bem e praticar o mal. Sócrates e Platão. A verdade (Sócrates) é ciência. O mal é uma ignorância ou um erro.

Há ideias puras e há ideias cheias dum elemento sentimental visto sentirmos certa intelecheia — ser vivo. Se assim é não devia haver ninguém mau. Por ex. um soldado atraiçoa sua pátria. Se lhe dissessem que o não fizesse, deixaria de o fazer?

Não. Mas precisa desenvolver‑lhe a vontade.

Há precisão de alguma coisa não volúvel.

Imperativo categórico da razão prática.

Conformidade da acção com o acto universal. (Kant). Faz o bem pelo bem.

Schopenhauer. A vontade é a única coisa que pode aproximar‑se do Bem Absoluto. É tanto mais moral uma acção quanto aproxima a humanidade presente da humanidade ideal.

1910?

Textos Filosóficos . Vol. I. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968 (imp. 1993).

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