Na sua resposta, aliás admirável, ao Prof. Afonso Costa,
Na sua resposta, aliás admirável, ao Prof. Afonso Costa, expôs o Presidente do Conselho, com a limpidez didáctica que é seu hábito e maneira, as suas ideias sobre o que chama o espírito partidário. Considera-o daninho, tanto para o homem como para a nação, considera-o oriundo das discussões reversíveis entre arguente e defendente, que em nossas escolas se estabeleciam para estimular a argúcia dos educandos; e considera o Prof. Afonso Costa como um exemplo típico de tal espírito.
Proponho-me examinar estas proposições, excepto a última, pois desde já concedo, e de bom grado, que o Prof. Afonso Costa é, de facto, um exemplo típico do espírito partidário. Como, porém, para discutir o que é espírito de partido há mister que primeiro se assente em o que vem a ser «partido», por aí começarei. De aí derivará, necessariamente, a análise à primeira proposição, como acima a expus, do Prof. António Salazar.
Como não tenho, nem nunca tive, partido, tenho ao menos a competência moral para tratar do assunto. Da intelectual dirá o leitor.
Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
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