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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

... e estorvaram o pobre Sidónio — grande, apesar de ser quem era...

(...) e estorvaram o pobre Sidónio — grande, apesar de ser quem era (...)

Quanto aos fictícios do passado — os sub-produtos de Afonso Costa — Sás Cardosos, Cunhas Leais, Tamagninis e o resto — são coisas mortas porque já foram digeridas e existem no exterior apenas como existem as coisas vomitadas. Repugna-os o estômago da inteligência, e repugná-los-ia o da realidade, se a realidade tivesse inteligência. [...]

Se os novos elementos que querem uma reconstrução democrática — os da Seara Nova e outros assim, se os há — verdadeiramente querem essa reconstrução, e não operam na simples orla dos jesuítas do avesso, então o seu primeiro dever será o de repudiar esse conteúdo de casa de malta suspeita na polícia intelectual e ao arejar os princípios republicanos, servir-se da janela, que abrem, para o despejo definitivo dos sub-Costas todos. Uma vez, na Seara Nova, li um homem inteligente e culto, António Sérgio, tratar a sério, criticando a sério, um sub-lixo como José Domingues dos Santos, seminarista presente através de todas as políticas [...] É como se alguém com decência e raciocínio discutisse a sério, sem razão de Estado, as ideias ou afirmações do antigo chulo Aristide Briand o analfabetíssimo representante para o [...] do país, da mais fácil cultura clássica do mundo.

s.d.

Da República (1910 - 1935) . Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão). Lisboa: Ática, 1979.

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