Occultism or a Static Drame - Os acontecimentos são Homens.
Occultism or a Static Drame
Os acontecimentos são Homens. As circunstâncias são gente. Uma batalha, um jantar, um olhar, um beijo — cada uma destas coisas, porque é uma coisa, é um ente, uma pessoa de certa maneira de carne e osso.
Nós próprios, os homens, não passamos de acontecimentos, lentos relativamente a outros, compostos de células, e cada célula é um acontecimento entre os elementos que a compõem ...e, assim, até ao infinito interior.
Tudo é separado e tudo é uno. Todos os acontecimentos fundem-se no grande acontecimento chamado o Universo.
Nada existe , tudo acontece. É a Deus que acontece tudo.
O erro interior a todas as hipóteses de como é que o manifestado se abaixa até manifestar-se, ou então manifestando-se, não encontra maneira de se manifestar senão abaixando-se — esse erro é o de meter elementos morais num problema inteiramente metafísico.
O manifestado não se manifesta a si próprio, porque então não se manifestaria, certo que vendo-se a si próprio tal qual é, não se veria manifestado, mas sim objectivamente, na sua realidade absoluta.
Se se manifesta a outro ou outros, é que o manifestado não é tudo; há uma dualidade fundamental no universo. E o outro deve ser de qualquer modo análogo ao manifestado, para ele se poder manifestar.
Admitamos que, ao manifestar-se, o manifestado não se rebaixa ou abaixa. Como, normalmente no pensamento, a ideia de manifestar-se envolve a de se abaixar, é forçoso concluir, no caso posto, uma de duas coisas: (1) A manifestação não inclui rebaixamento, nem mesmo metafísico (e o rebaixamento metafísico, por isso, é um critério normal aplicado a um caso puramente metafísico); (2) Não há manifestação, propriamente falando: a manifestação é igual ao manifestado. O aparente é o real.
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968.
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