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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

O ruído vário da rua

O ruído vário da rua

Passa alto por mim que sigo.

Vejo: cada coisa é sua.

Oiço: cada som é consigo.

Sou como a praia a que invade

Um mar que torna a descer.

Ah, nisto tudo a verdade

É só eu ter que morrer.

Depois de eu cessar, o ruído.

Não, não ajusto nada

Ao meu conceito perdido

Como uma flor na estrada.

21-2-1931

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

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