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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Quero versos que sejam como jóias

Quero versos que sejam como jóias

Para que durem no porvir extenso

        E os não macule a morte

        Que em cada cousa a espreita,

Versos onde se esquece o duro e triste

Lapso curto dos dias e se volve

        À antiga liberdade

        Que talvez nunca houvemos.

Aqui, nestas amigas sombras postas

Longe, onde menos nos conhece a história

        Lembro os que urdem, cuidados,

        Seus descuidados versos.

E mais que a todos te lembrando, escrevo

Sob o vedado sol, e, te lembrando,

        Bebo, imortal Horácio,

        Supérfluo, à tua glória...

5-8-1923

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

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