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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Deve chamar-se tristeza

Deve chamar-se tristeza

Isto que não sei que seja

Que me inquieta sem surpresa,

Saudade que não deseja.

Sim, tristeza — mas aquela

Que nasce de conhecer

Que ao longe está uma estrela

E ao perto está não a ter.

Seja o que for, é o que tenho.

Tudo mais é tudo só.

E eu deixo ir o pó que apanho

De entre as mãos ricas de pó.

19-8-1930

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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