RELIGIÕES - Temos três meios:
RELIGIÕES
Temos três meios:
1. O nosso meio interior, i. é, o meio imediato das nossas percepções e conceitos.
2. O nosso meio exterior, ou, antes, exterior-interior, i. é, o nosso meio exterior próximo; em última análise (o não eu concebido como visto no eu).
3. Finalmente, o nosso meio interiormente exterior, que para nós é «o universo».
Assim, do nosso meio interior temos uma consciência inconsciente (só um maior desdobramento psíquico dá a c[onsciênci]a de ter uma consciência). Do nosso meio exterior temos uma c[onsciênci]a consciente. Do nosso meio universal temos, ao contrário, uma inconsciência consciente. Sentimos que conhecemos o 1º, conhecemos o 2?; e, quanto ao terceiro, sentimos que o não conhecemos.
Meio exterior-interior, no meio interior próximo é aquela parte do mundo exterior que, por quotidiana, usual ou próxima se nos torna conhecida, isto é, de que temos uma ciência intuitiva e inconscientemente formada.
À medida que se desenvolve a nossa civilização, vamos alargando o mundo exterior-interior, vamos, pela ciência, saudando o que é próximo mas inanalisado, e aproximando, pelo conhecimento, o que está remoto.
Basilarmente a distinção entre interior-exterior e exterior exclusivamente tem esta base inconsciente: a de conhecer no mundo exterior duas faces: aquela que é conhecida e quotidiana , e a que é desconhecida (...). Assim quando um selvagem (...) um objecto vulgar é que não é no seu aspecto quotidiano de objecto vulgar como tal que o encara (mais nítido no caso do selvagem que ao encontrar no caminho uma pedra de feitio estranho a leva para casa e a adora. Aqui ressalta nítida a noção de não usual...).
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A religião é um facto social; daí o incutir-se no espírito de um povo; havendo preliminarmente susceptibilidade, nos nossos sentimentos para ela, não por provas, mas sim pela autoridade de quem a incute, seja essa autoridade primordialmente de influência pessoal, quer de influência representativa (de autoridade). Em ambos os casos, há a preparação psíquica para aceitar o que pregado for.
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968.
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