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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Onde quer que o arado o seu traço consiga

Onde quer que o arado o seu traço consiga

E onde a fonte, correndo, com a sua água siga

O caminho que, justo, as calhas lhe darão,

Aí, porque há a paz, está meu coração.

Bem sei que o som do mar vem de além dos outeiros

E que do seu bom som os ímpetos primeiros

Turvam de ser diverso o natural da hora,

Quando o campo a não ouve e a solidão a ignora.

Mas qualquer cousa falsa desce e se insinua

Nos anos que são vestígios sob a Lua.

5-8-1934

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

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