Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

Houve um ritmo no meu sono,

Houve um ritmo no meu sono,

Quando acordei o perdi.

Porque saí do abandono

De mim mesmo, em que vivi?

Não sei que era o que não era.

Sei que suave me embalou,

Como se o embalar quisera

Tornar-me outra vez quem sou.

Houve uma música finda

Quando acordei de a sonhar.

Mas não morreu: dura ainda

No que me faz não pensar.

11-6-1934

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 203.