Vai redonda e alta
Vai redonda e alta
A lua. Que dor
É em mim um amor?...
Não sei que me falta...
Não sei o que quero.
Nem posso sonhá-lo...
Como o luar é ralo
No chão vago e austero!...
Ponho-me a sorrir
P'ra a ideia de mim...
E tão triste, assim
Como quem está a ouvir
Uma voz que o chama
Mas não sabe d'onde
(Voz que em si se esconde)
E Só a ela ama...
E tudo isto é o luar
E a minha dor
Tornado exterior
Ao meu meditar...
Que desassossego!
Que inquieta ilusão!
E esta sensação
Oca, de ser cego
No meu pensamento,
Na rainha vontade...
Ah, a suavidade
Do luar sem tormento
Batendo na alma
De quem só sentisse
O luar, e existisse
Só p'ra a sua calma.
Cartas de Fernando Pessoa a Armando Côrtes-Rodrigues.
(Introdução de Joel Serrão.)Lisboa: Confluência, 1944 (3.ª ed. Lisboa: Livros Horizonte, 1985).
- 43.

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