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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

EPITALÂMIO – XIV - T

EPITALÂMIO

                XIV

O noivo anseia pelo fim de tudo isto no cio

De conhecer essas entranhas em chupados sorvos,

De pôr primeira mão nesse cabelo do ventre

E apalpar o fojo labiado,

A fortaleza feita para ser tomada, e pela qual

Sente o aríete engrossar e doer de desejo.

A trémula alegre noiva sente todo o calor do dia

Nesse lugar ainda enclaustrado

Onde a sua virginal mão nocturna fingia

Um vazio lucro de prazer.

E dos outros a maior parte é disto que segredará,

Sabendo o rápido trabalho que é;

E as crianças, que observam com ávidos olhos,

Agora antegozam de saber

Da carne, e com homens e mulheres crescidos fazer

O acto coceguento e líquido

Por cujo sabor em cantos escusos tentam

O que mal sabem como é seco ainda.

1913

«Epithalamium». in Poemas Ingleses. Fernando Pessoa. (Edição bilingue, com prefácio, traduções, variantes e notas de Jorge de Sena e traduções também de Adolfo Casais Monteiro e José Blanc de Portugal.) Lisboa: Ática, 1974.

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Tradução de Jorge de Sena