EPITALÂMIO – XIV - T
EPITALÂMIO
XIV
O noivo anseia pelo fim de tudo isto no cio
De conhecer essas entranhas em chupados sorvos,
De pôr primeira mão nesse cabelo do ventre
E apalpar o fojo labiado,
A fortaleza feita para ser tomada, e pela qual
Sente o aríete engrossar e doer de desejo.
A trémula alegre noiva sente todo o calor do dia
Nesse lugar ainda enclaustrado
Onde a sua virginal mão nocturna fingia
Um vazio lucro de prazer.
E dos outros a maior parte é disto que segredará,
Sabendo o rápido trabalho que é;
E as crianças, que observam com ávidos olhos,
Agora antegozam de saber
Da carne, e com homens e mulheres crescidos fazer
O acto coceguento e líquido
Por cujo sabor em cantos escusos tentam
O que mal sabem como é seco ainda.
«Epithalamium». in Poemas Ingleses. Fernando Pessoa. (Edição bilingue, com prefácio, traduções, variantes e notas de Jorge de Sena e traduções também de Adolfo Casais Monteiro e José Blanc de Portugal.) Lisboa: Ática, 1974.
- 141 / 143.Tradução de Jorge de Sena