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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Pois que nada que dure, ou que, durando,

Pois que nada que dure, ou que, durando,

Valha, neste confuso mundo obramos,

E o mesmo útil para nós perdemos

Connosco, cedo, cedo,

O prazer do momento anteponhamos

A absurda cura do futuro, cuja

Certeza única é o mal presente

Com que o seu bem compramos.

Amanhã não existe. Meu somente

É o momento, eu só quem existe

Neste instante, que pode o derradeiro

Ser de quem finjo ser?

16-3-1933

Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).

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