Fernando Pessoa
SACADURA CABRAL
SACADURA CABRAL
No frio mar do alheio Norte,
Morto, quedou,
Servo da Sorte infiel que a sorte
Deu e tirou.
Brilha alto a chama que se apaga.
A noite o encheu.
De estranho mar que estranha plaga,
Nosso, o acolheu ?
Floriu, murchou na extrema haste;
Jóia do ousar,
Que teve por eterno engaste
O céu e o mar.
12-1924
Obra Poética e em Prosa. Vol. I. Fernando Pessoa. (Introdução, organização, biobibliografia e notas de António Quadros e Dalila Pereira da Costa.) Porto: Lello, 1986.
- 1170.1ª publ. in Athena, nº3. Lisboa: Dez. 1924.