Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

GLÁDIO

GLÁDIO

                 A Alberto Da Cunha Dias

Deu-me Deus o Seu Gládio, porque eu faça

        A Sua santa guerra.

Sagrou-me Seu em génio e em desgraça

As horas em que um frio vento passa

        Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e dourou‑me

        A fronte com o olhar:

E esta febre de Além, que me consome,

E este querer-justiça são Seu Nome

        Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do Gládio erguido dá

        Em minha face calma.

Cheio de Deus, não temo o que virá,

Pois, venha o que vier, nunca será

        Maior do que a minha Alma!

Orpheu, nº 3. (Lisboa: 1916) (Preparação do texto, introdução e cronologia de Arnaldo Saraiva.) Lisboa: Ática, 1984.

 - 35.

Poema nº 3 de Orpheu, que não chegou a ser publicado. Inserido na Mensagem com o título D. Fernando.