O PRECONCEITO TRADICIONALISTA
O PRECONCEITO TRADICIONALISTA
Entre os vários movimentos de reacção, que necessariamente haviam de aparecer contra o estado anárquico e revolucionário em que (como não podia deixar de ser) se têm passado os primeiros anos da infância da República, destacou-se, porque, por sua natureza, serve os fins da reacção monárquica, o movimento chamado "integralismo lusitano". Simpático pela sua preocupação construtiva, e ainda mais, pela facilidade com que conseguiu irritar as criaturas extremamente inferiores, o integralismo lusitano, uma vez analisado, perde grande parte desse interesse, tanto pelo que se revela de importado, como pelo que contém de fundamentalmente erróneo. Esta parte errónea é importada também, mas, como não vamos olhar o integralismo do ponto de vista do que importou, analisemos essa parte pelo que ela tem de errónea, e não pelo que ela tem de derivada e estrangeira.
Tanto mais útil será que assim façamos, quanto é certo que é precisamente o elemento a analisar o que é comum ao integralismo e à maior parte do monarquismo que temos. Assim a nossa rápida crítica poderá confutar [?] uma atitude monárquica geral.
Trata-se da tese tradicionalista e essa tese considera três sub-teses: a teoria de que a tradição é o elemento de importância máxima na vida nacional, e de que abandoná-la é, portanto, decair; o conceito de (...)
Da República (1910 - 1935) . Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão). Lisboa: Ática, 1979.
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