II - As rosas amo dos jardins de Adónis
As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o Sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia ,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).
- 34.1ª publ. in Atena , nº 1. Lisboa: Out. 1924.