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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Abismo de ser muitos! Noite Minha!

Abismo de ser muitos! Noite Minha!

Encruzilhada do meu vasto ser!

Quem quero que seja eu? Quem, no entrever

Do que fui, treva anónima e mesquinha?

Como o último estandarte da rainha

Com quem o império findo se perdeu,

Descem dos astros mudos do atro céu,

Poesia, as razões de quanto fui ou tinha.

Nos rumores da treva do que foi

Recuam na derrota a murmurar

As hostes sem (...) e sem herói

Do meu destino feito a ignorar,

E, como à última rainha, dói

No meu peito um segredo por achar.

s.d.

Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.

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