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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Quando penso nas outras consciências

Quando penso nas outras consciências

E no mistério que contêm, de haver

Pluralidade de conscientes (pois

Una se afigura ao pensamento

A consciência) quando penso assim

Angustia-me logo o não poder

Penetrar nessas vidas e sentir

(Como não sei) as várias sensações

Das várias humanas personalidades:

Do guerreiro, da virgem, do (...)

Do sábio, do operário,

Da costureira, da rameira mesmo,

Do assassino, do homem das montanhas

De tudo e de todos. Atormenta-me

Uma necessidade de o saber

Que faz sorrir o pranto da minha alma.

O que pensarão eles, sentirão?

Eu quisera sabê-lo, conhecê-lo,

Perdendo e não perdendo este meu ser.

Curiosidade louca que se impõe

À minha (...) Todo mistério

Tento ver e cada um vai incompreensível

Rindo, rindo, chorando, cantando

Pelejando, sofrendo, enfim morrendo

Inconsciente do que leva em si,

Além da loucura.

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

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