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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Seria doce amar, cingir a mim

Seria doce amar, cingir a mim

Um corpo de mulher, mas fixo e grave

E feito em tudo transcendentalmente.

O pensamento impede-me e confrange-me

Do terror de ter perto e comungar

Em sensação ou ser com outro corpo.

Gelada mão misteriosa cai

Sobre a imaginação que nem em si

Me pode amante conceber.

Ó corpo! Amante, entrega-te! Talvez

Te salves entregando-te e amando!

Mas não! A consciência do mistério

Mantém-me isolado e em horror

Perante tudo.

                      Ah não poder

Arrancar de mim a consciência!

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

 - 97.

1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.124).